Butão: Saiba mais sobre o País da Felicidade

O Butão é um pequeno país encravado nos Himalaias e entre dois grandes países, Índia e China e não é por acaso que aqui é conhecido como o país mais feliz do mundo. Mesmo estando numa região delicada, entre dois gigantes, o país serve como refúgio de paz para todos seus habitantes.

Já se passaram dois anos desde que mudei para cá. Posso garantir que esse será (pelo menos por algum tempo) o único post escrito em português sobre o Butão por alguém que mora aqui.

Nesse post vou explicar um pouco sobre….

• Butão – O País da Felicidade
• Mas o que é a Felicidade Interna Bruta ou FIB (Gross National Happiness ou GNH)?
• Butão – Um País Multinacional
• A Dinastia Wangchuk do Butão
• Início do Turismo no Butão
• Meus Primeiros Dois Anos no País da Felicidade

Butão – O País da Felicidade

Quem já ouviu falar sobre o Butão sabe que este é considerado o país mais feliz do mundo. Mas muito poucas pessoas sabem realmente dizer o porquê.

Tudo começou durante o discurso do Quarto Rei do Butão, Jigme Singye Wangchuk. Ele é provavelmente o Rei mais venerado dentre os cinco reis desse pequeno grande país.

Tudo o que ele fala (ele ainda está vivo e muito novo, por sinal, mas falarei disso mais para frente!) é lei. Durante um discurso, ele mencionou que “Felicidade Nacional Bruta é mais importante do que Produto Interno Bruto” (em inglês), isso tomou uma enorme proporção na vida do país. Dentre suas medidas, essa foi uma das que mais influenciou a percepção do país internacionalmente.

Mas o que é a Felicidade Interna Bruta ou FIB (Gross National Happiness ou GNH)?

Resumindo, o Butão é considerado o país mais feliz do mundo porque é o único país que tenta medir a felicidade da população. Não só medem, mas tentam basear suas decisões no impacto que elas teriam sobre a população.

Eles fazem isso através de um questionário junto ao Censo do país que leva em consideração vários aspectos do cotidiano da população. Esses aspectos são divididos em 4 pilares e subdividido em 9 domínios. Uma idéia que começou simples, se desenvolveu em algo bem complexo. Em conversas com membros do Centro da Felicidade Interna Bruta (composto por apenas 9 pessoas!) fui informado que essa complexidade só aumentará, para fazer algo cada fez mais amplo.

Os quatro pilares do FIB são: Preservação do Meio Ambiente, Desenvolvimento Sócio-Econômico Sustentável e Equitativo, Boa Governança e Preservação e Promoção de Cultura.

Esses quatro pilares são subdivididos em 9 domínios:

• Bem-Estar Psicológico;
• Saúde;
• Uso do Tempo;
• Educação;
• Diversidade e Resiliência Cultural;
• Boa Governança;
• Vitalidade Comunitária;
• Diversidade e Resiliência Ecológica;
• Padrão de Vida.

Domínios da Felicidade Interna Bruta

Cada um dos 9 domínios do FIB são, novamente, subdivididos em mais alguns parâmetros, todos medidos qualitativamente e quantitativamente durante o questionário do FIB. Cada um é tão importante quanto o outro. Bem, não deixarei apenas nisso. Acho que terei que explicar um pouquinho de cada um, né? Bem, vamos lá então (acessem o questionário em inglês de 2010 aqui)!

Bem-Estar Psicológico

As questões nessa parte são relacionadas ao seu bem-estar (não me diga!). Por exemplo, “quais são as 7 coisas mais importantes para a sua felicidade?” e várias questões de auto-avaliação. Essas questões são bem abertas, com o intuito de saberem se você acha que você está se sentindo bem.

Saúde

Na sua saúde, vão bem a fundo sobre as coisas que te fazem mal. As perguntas envolvem frequência em que consome álcool, cigarro, tabaco, doma (eca!), quantos dias você perdeu de trabalho por causa de doença, se algum dia teve pensamentos suicidas. Bem, é algo que acaba até te deixando triste de ler… mas pelo menos estão preocupados em coletar dados sobre como a população do país está.

Uso do Tempo

Uso do tempo? Como assim?

No FIB, uma parte muito importante é se você está conseguindo manter um equilíbrio de vida pessoal e profissional. Sua vida profissional está influenciando a sua vida pessoal (ou vice-versa)?

Você descreve um dia típico, com horários de início e término de cada atividade. Quem decide se você tem esse equilíbrio acaba sendo os parâmetros do FIB.

Educação

Sou meio suspeito a falar, sendo que meu emprego é o de professor, mas acho essa parte do questionário fantástica!

As perguntas não são apenas se você sabe ler ou escrever (para quem não sabe, as perguntas são feitas verbalmente), mas são muito mais amplas! As perguntas também incluem o quanto você sabe sobre a Felicidade Interna Bruta, sua alfabetização cultural e local, sua educação alimentar etc.

O que você sabe além do que a escola te ensinou se torna bastante importante!

Diversidade e Resiliência Cultural

Esse é outro domínio bastante interessante. O Butão é um país muito diverso, com 21 idiomas reconhecidos.

As questões se baseiam sobre a sua cultura, seu envolvimento na sua comunidade, participação em eventos da sua própria cultura e de outras, os valores que você acha mais importante na sua vida, importância da sua família etc.

O país tem vários festivais locais, o maior sendo o Festival Paro Tshechu. Muitos membros da comunidade participam desses grandes eventos.

Boa Governança

Esse domínio são 5 páginas de questões sobre o seu envolvimento na política local e sua percepção e confiança nas instituições governamentais, tanto locais (gewog), estaduais (dzongkhag) e nacionais. A Felicidade Interna Bruta também está interessada na sua confiança na polícia, se você participou de assembléias locais, se você acha que seus direitos de liberdade de expressão são respeitados e muito mais.

É um questionário bem amplo!

Vitalidade Comunitária

Sua comunidade é saudável? As pessoas te tratam bem? Você faz trabalho voluntário? Doações para serviços comunitários? Sua vila é segura? Você confia no seu vizinho? Você sente que você faz parte da sua comunidade?

Bem, nessa parte, a Felicidade Interna Bruta leva em consideração a saúde da sua comunidade, pois é nela onde você passa a maior parte do seu tempo. Comunidade saudável só acontece com indivíduos felizes e um senso de confiança entre seus moradores.

Diversidade e Resiliência Ecológica

O Butão nunca passou por uma revolução industrial. Recentemente, o país está vendo uma transição direta para a era da informação. Sendo assim, o país ainda é predominantemente agrícola, com uma biodiversidade fenomenal.

Como manter o país dessa maneira?

Mas o questionário vai além do físico e entra no espiritual também. A primeira pergunta do questionário é se você acredita que a natureza é o domínio dos espíritos e deuses. Outras áreas de interesse são de conhecimento sobre a natureza local, políticas locais e nacionais sobre o meio-ambiente, seus comportamentos pró-natureza, seus conhecimentos sobre mudança climática, dentre outros.

As trilhas no Butão, em grande parte, continuam muito bem preservadas. Tivemos essa experiência na Trilha da Coruja – The Owl Trek. Era impressionante o conhecimento do povo local sobre a fauna e flora da região.

Padrão de Vida

Dentro da sua comunidade, você se sente rico? De boas? Vendendo o almoço para comprar a janta? Sua casa é tão boa quanto a do vizinho?

Bem, essa parte do questionário acessa sua percepção do seu próprio padrão de vida. Segundo o Centro da Felicidade Interna Bruta, é uma das áreas que mais tem mudado no Butão, pois você só é pobre quando sabe que seu vizinho tem mais do que você.

O Butão é um país que está mudando muito e mudando muito rápido. Nos meus dois anos aqui, já da para ver que o Butão de hoje não é o mesmo Butão de quando eu cheguei.

Felicidade Interna Bruta para Negócios no Butão

Uma idéia bastante nova, ainda não implementada, é a Felicidade Interna Bruta para Negócios.

Caso você seja empresário e queira renovar sua licença de funcionamento, você e seus funcionários farão o questionário do FIB para Negócios. Se você é um chefe ditatorial, talvez sua licença não será renovada.

Percepção da Felicidade Interna Bruta no País

O Butão é o país mais feliz do mundo? Bem.. Talvez…

No momento é o único que está ativamente tentando medir e gerar um índice de felicidade no país. Pela minha experiência aqui, o povo apóia a idéia, mas sente que é algo ainda muito novo.

A Felicidade Interna Bruta e o índice FIB (o número gerado a partir dos questionários e o que quantifica a Felicidade) tem como intuito mostrar não só o que o país pode fazer por você.  Mas o que você também pode fazer para o seu país. Ser realmente o país mais feliz do mundo requer a contribuição de todos que nele vivem.

Muitas pessoas de fora acham que a Felicidade Interna Bruta existe como máscara para um país com um passado não tão rosado.

Na minha humilde opinião, vejo o Butão como um país tentando refazer sua história, tentando deixar o passado de lado. Diria que todos os países do mundo tem uma mancha na sua história, o Butão não é a exceção, infelizmente. Claro que ainda tem muito trabalho a ser feito, mas sinto que o país está indo na direção certa.

Butão – Um País Multinacional

Parece até que eu estou descrevendo o nome oficial da Bolívia: “Estado Plurinacional de Bolívia”. Mas o Butão é quase a definição de diversidade.

São 20 idiomas (até tem mais, na verdade) falado num país cuja área é 15% da área do Estado de São Paulo. Eu ainda não sei falar nenhuma, mas as línguas faladas no país são (sem ordem específica):

• Dzongkha;
• Cho-cha-nga-cha-kha;
• Tshangla (Sharchop);
• Bumthangkha
• Khengkha;
• Kurtop;
• Nyenkha;
• Dzala;
• Dakpa;
• Chali kha;
• Monpakha;
• Brokpa;
• Brokkat;
• Lakha;
• B’okha (Tibetano)
• Nepalês;
• Lhokpu;
• Gongduk;
• Lepcha;
• English

O idioma oficial do país é o Dzongkha mas, curiosamente, não é o mais falado. Em ordem, Nepalês e Tshangla (Sharchop) são os idiomas mais falados. Dzongkha é apenas o terceiro idioma mais falado. Explicarei o porque Dzongkha é a língua oficial do país.

Driglam Namzha – Normas e Etiquetas do Butão

Esse é um aspecto muito importante no cotidiano de um Butanês. Existem certas normas que são esperadas de um cidadão do país. Isso influencia a maneira de se vestir, de se comportar, hierarquia dentro da sociedade e arquitetura do país.

Em estabelecimentos governamentais, todo cidadão Butanês precisa usar as roupas nacionais, chamadas Kira (feminina) e Gho (Masculina). Junto a eles, também vem um acessório usado sobre os ombros: o Rachu (feminino) e Kabney (masculino).

Se curvar à pessoas de status mais alto do que o seu também faz parte do Driglam Namzha. Quanto mais importante a pessoa, mais baixo é esperado que nos curvemos ao encontrá-la.

Etnias do Butão

O Butão é composto por 3 grandes grupos étnicos e vários outros minoritários. As três principais etnias do Butão são:

• Ngalops: Etnia de descendentes de Tibetanos – A Família Real do Butão faz parte dessa etnia;
• Sharchops: Ou orientais, são o povo predominante do leste do país;
• Lhotshampas: Ou sulistas, povo predominantemente de origem Nepalesa;

A Dinastia Wangchuk, a Família Real Butanesa, como dito são Ngalops e falam Dzongkha. Devido a esse fato, o idioma oficial do país e o idioma ensinado na escola junto com o inglês é o Dzongkha. Não existe educação formal em nenhum outro idioma.

A Dinastia Wangchuk do Butão

A Família Real Butanesa surgiu no início do Século XX, numa época quando monarquias pelo mundo estavam sucumbindo a favor da democracia. Desde 1907, o Rei do Butão é chamado de “Rei Dragão” ou “Druk Gyalpo“.

Depois de divisões, guerras, outras guerras, o governador da província de Trongsa, Penlop Ugyen Wangchuk, lutou numa guerra civil contra populações pró-Tibet e anti-Reino Unido para garantir a unificação da região do Butão. Sendo pró-Reino Unido, teve o suporte do mesmo para o estabelecimento da monarquia no país.

Em 1907, Ugyen Wangchuk se tornou o primeiro Rei, ou Druk Gyalpo, do Reino do Butão.

Num acordo com o Reino Unido, negócios internos do país seriam responsabilidade do governo do Butão. Relações exteriores do Butão seriam lidadas pelo Reino Unido. Muito tempo depois, em 2018, isso custou um tanto de terra do Butão. Devido a definições de fronteiras mal escritas, o país teve que ceder parte do território do norte para a China.

Maiores benfeitorias de cada Druk Gyalpo no Butão

Cada Rei tem suas conquistas, mas cada um é responsável por certas coisas em particular.

Primeiro Druk Gyalpo – Ugyen Wangchuk

O Primeiro Rei do Butão se tornou conhecido pela unificação do país. Depois da unificação, limitou a interferência internacional sob o país. Seu reinado durou de 1907 até 1926.

Segundo Druk Gyalpo – Jigme Wangchuk

O Segundo Rei do Butão continuou o processo de isolamento do país, mantendo unicamente relações com o governo Britânico da Índia. Com a independência da Índia em 1948, conseguiu garantir o acordo de amizade entre os dois países, consolidando a monarquia no país. Seu reinado durou de 1926 a 1952.

Terceiro Druk Gyalpo – Jigme Dorji Wangchuk

O Terceiro Rei do Butão deu início ao processo de abertura do país para o resto do mundo. Com o crescimento da instabilidade no mundo, o crescimento de Mao na China, o Terceiro Rei do Butão viu a necessidade de garantir a independência do país.

O Rei deu início a introdução do país em várias organizações internacionais, incluindo as Nações Unidas (ONU). Isso garantiu a hegemonia do Reino do Butão com garantia internacional. Ele também deu início ao processo de democratização do país. Seu reinado durou de 1952 a 1972.

Quarto Druk Gyalpo – Jigme Singye Wangchuk

O Quarto Rei do Butão tem um status de Deus dentro do país. Durante o seu reinado, muitas coisas boas e ruins aconteceram, mas ele é venerado pela população butanesa.

Durante o seu reinado, ele deu continuidade ao processo de democratização do Butão. A primeira constituição do país, ainda vigente, foi escrita durante o seu governo sob a supervisão do Ministro da Justiça Lyonpo Sonam Tobgye (nem peguei do Wiki, o próprio Lyonpo que me contou a história!).

As primeiras eleições do país aconteceram no fim do seu reinado em 2008, quando ele abdicou do governo em favor do seu filho mais velho. Seu reinado durou de 1972 a 2008 (aos 53 anos de idade). A Felicidade Interna Bruta existe hoje por causa dele!

Curiosidade: O quarto Rei é casado com quatro mulheres, sendo elas todas irmãs.

Quinto Druk Gyalpo – Jigme Khesar Namgyel Wangchuk

O Quinto e presente Rei do Butão ascendeu ao trono após a abdicação do seu pai. Segundo o quarto Rei do Butão, é importante que o Butão sempre tenha um Rei jovem.

O Quinto Rei continua o processo de democratização do país, sempre em mudanças, mas está fazendo seu legado na área de educação. Em quase todos seus discursos, educação toma um lugar de foco. Se eu estou no Butão hoje, é por causa dele.

O quinto Rei tem muitas coisas pela frente para se fazer, principalmente manter o povo Butanês unido.

Meu, o povo o ama! Nunca vi um líder nacional tão amado quanto ele! Faço parte desse time!

Porque Eu Gosto do Rei do Butão?

Meu, o cara é ultra simples. Tipo, quase simples demais para o que é esperado de um monarca. Bem, talvez monarcas do resto do mundo deveriam seguir um pouco o exemplo dele. Existem várias histórias pelo país que só comprovam e fortalecem essas histórias.

Existe um livro, Rádio Shangri-la, onde uma americana, a convite do Rei, veio para o Butão montar a primeira rádio do país. O Rei (príncipe na época) tinha ganhado uma BMW de presente. O que ele fez? Vendeu o carro para bancar a rádio.

Quando o Rei precisa ir para lugares remotos do país, como ele vai? De helicóptero? Não! Ele põe as botas e vai trilha adentro. Existem lugares onde o Rei acampa no meio do caminho junto com seus companheiros de viagem e come a mesma comida.

Uma vez, eu estava em Paro fazendo compras, quando um incêndio florestal começou bem próximo da cidade. O Rei saiu de onde ele estava, dentro de poucas horas chegou em Paro e, junto com os bombeiros e voluntários do país, ajudou a combater o fogo.

Bem, poderia falar mais coisas, mas o resumo é que eu o admiro bastante!

Início do Turismo no Butão

Como o terceiro Rei do Butão começou a abrir o país para o resto do mundo, o quarto Rei, no começo do seu reinado, autorizou a vinda dos primeiros turistas para o Butão em 1973.

Pelo fato do país ter permanecido fechado por tantos anos, existia (e ainda existe) o medo do mundo exterior ter uma influência negativa no país. O Butão não queria que o que aconteceu com o Nepal e a Índia se repetisse.

Sendo assim, decidiram controlar o número de turistas entrando no país. Decidiram então pela cobrança de uma taxa diária para qualquer turista que entrasse no país. Além de manter a influência exterior minimizada, o país também teve como meta continuar protegendo as florestas e sua biodiversidade.

Durante as décadas subsequentes, vários parques nacionais e áreas de proteção permanentes foram estabelecidas, transformando o Butão em um dos países com biodiversidade mais variada do mundo. Parte da taxa diária é usada para a proteção das florestas do país.

O número de turistas foi gradualmente crescendo ano a ano, mas ainda continua relativamente baixo. Pensa que o número de turistas não indianos ou regionais vindo para o país é de por volta de 71 mil por ano (relatório em inglês). Isso é um jogo de um clássico do campeonato brasileiro!

Mas falei sobre turistas não indianos, pois indianos (juntamente com Bangladesh, Maldivas e Nepal) não precisam de visto nem de pagar o imposto diário para visitar o país. Foram 183 mil visitantes destes países em 2017.

O Ano de 1999

Então, com o turismo bem estabelecido, chegou a hora de dar o próximo passo na saga de abrir o país para o resto do mundo: liberar o uso de televisão.

Nesse aspecto, acho que tem um consenso geral de que teve um impacto negativo no país, pois após isso a mudança do país passou a ser em uma velocidade quase que descontrolada. De repente, todo mundo queria e continua querendo ser igual o ocidente.

Muitas coisas do ocidente não valem a pena serem copiadas! Uma coisa que eu acho bastante engraçada é que aqui, em cada topo de montanha, tem um monastério onde moram monges budistas, vivendo uma vida tranquila, mas todos jogando candy crush nos seus smartphones. Daí eu vejo o ocidente. Primeiramente, vejo uma grande guinada no sentido da busca de uma vida mais espiritual, vejo monastérios budistas surgindo em todos os cantos. Segundo, as pessoas estão mais atrás da espiritualidade.

Nesse aspecto, vejo o país, infelizmente, dando um passo para trás. Tudo o que eles já tem, o Oeste está tentando ter de todas as maneiras possíveis. Bem, mas talvez eles precisam cometer e aprender com seus próprios erros. Mas essa mudança toda teve início há apenas 20 anos.

Nesse momento, as mudanças estão mais velozes do que nunca. Vamos ver como serão os próximos 20 anos!

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Meus Primeiros Dois Anos no País da Felicidade

Existem oportunidades que não podemos deixar passar na vida. Hoje em dia, visitar o Butão é super fácil.

Na era da informação, onde comunicação está mais fácil do que nunca, organizar uma viagem para o Butão está uma mamata. Mas vir morar aqui continua quase impossível.

Quando eu tive a oportunidade de vir para cá, não podia deixar essa oportunidade passsar. Acho que o mais difícil teria sido dizer não.

Reflexões sobre o Butão

Sou professor em uma escola estabelecida pelo Rei. Durante esse tempo aqui, tenho notado muitas diferenças, muitas maravilhosas, outras de te fazer pensar na vida. Junto com a minha esposa, que também largou tudo para vir para cá e ajuda a colocar fogo nos meus devaneios, temos refletido muito sobre a vida no geral. Vivemos uma vida bem simples aqui, às vezes por decisão nossa, às vezes por falta de escolha mesmo.

Quase tudo aqui é muito caro, pois tudo é importado. Já comida… meu… assim, como muito aqui e consigo emagrecer sem tentar muito. O país quer ser o primeiro país com produção agrícola 100% orgânica do mundo. No momento, estão em 80%.

Mas sendo assim, tudo o que você come está na época certa. Tudo fresco, colhido no dia anterior ou, dependendo do horário, no mesmo dia. Mas em compensação não temos muitas opções de frutas no inverno e nem cogumelos no verão. Mas passar vontade é bom, nos faz apreciar mais as coisas quando chega a época!

Mencionei o ano de 1999 pois nunca vi algo tão impressionante como velocidade que eu vejo o país mudar. Como disse no comeco desse post, o Butão de hoje não é o Butão onde cheguei.

Esse tempo morando aqui tem me dado uma perspectiva diferente do mundo. Não sou do tipo que fala que viajar é mudar, que eu me encontrei aqui no Butão nem nada disso.

Mas esse período aqui tem me feito colocar muito dos meus “valores” em xeque e me feito repensar muitas coisas que eu apenas tomava como certa em outras partes do mundo.

Tem sido e continuará sendo uma experiência fantástica! Mas é claro, cheia de obstáculos!

Querem Visitar o Butão?

Então, entrem em contato conosco ou com o nosso parceiro, a Bhutan Soul. Mencionem o Mochilão a Dois para darmos toda assistência na preparação da sua viagem!