Viajando pelo Butão: Onde está seu Guia?

postado por Mochilão a Dois
22/02/2018

Cheguei no Butão há quatro meses e, agora, não estou mais sozinho! Não estar sozinho dá muito mais motivação para jogar a mochila no carro e sair viajando pelo Butão! Este é apenas um pequeno relato da nossa experiência!

Bird at Punakha Dzong - Viajando Pelo Butão

Ser um estrangeiro Viajando pelo Butão

Depois de quase três semanas passeando pelo Sudeste Asiático, voltamos para o frio do inverno dos Himalaias. Ainda tínhamos alguns dias de férias e pensamos: O que fazer? Ainda longe, decidimos sair para passear pela Terra do “Thunder Dragon”.

Punakha Suspension Bridge - Viajando Pelo Butão

Ser brasileiro ou estrangeiro no Butão não é algo incomum. Turismo está crescendo mais e mais a cada ano. Mas ser estrangeiro e morador no Butão, descobrimos que isso não é comum mesmo! Isso tornou nossa viagem um pouco mais especial, mas também, um pouco frustrante. Agora falarei o porque.

Como disse no post de aniversário de um mês, o Butão é um país ainda bastante fechado. Para um estrangeiro viajando pelo Butão, duas coisas são cruciais: Um guia que não sairá do seu lado e um “ROUTE PERMIT”, um documento do Departamento de Imigração que dará a permissão para o estrangeiro viajar e ficar dentro de um caminho pré-determinado por um período de tempo. Dentro desse período, o guia tem que parar nos checkpoints na ida para o seu destino e na volta. Isso dá ao governo um controle sobre onde os estrangeiros estão.

Monks around Punakha - Viajando pelo Butão

Sendo moradores aqui, não precisamos de guia. Podemos contratar um se quisermos, mas não precisamos. O route permit com certeza precisamos. Pedimos um permit por 4 dias, que nos permitiria trafegar pelos Dzongkhags (estados) de Punakha e Wangdue Phodrang, regiões mais centrais do Butão. O único checkpoint que tivemos que parar foi em Dochula, um lugar maravilhoso do Butão, com vistas fantásticas para a Cordilheira dos Himalaias do Butão. Esse documento é carimbado e precisa ser mostrado em alguma parada policial. Não ter esse documento carimbado no checkpoint pode ter consequências sérias. A responsabilidade de parar no checkpoint é do motorista.

Dochula Pass - Viajando Pelo Butão

De Dochula à Punakha, vistas dos Himalaias do Butão

Nesse primeiro checkpoint, vem a primeira pergunta: “Where is your guide? (Onde está o seu guia?)”. Explicamos que moramos no Butão e um sorriso se abriu no rosto do oficial da imigração. Curiosidade do porque dois estrangeiros estão morando aqui tomou conta dele. Conversamos brevemente e seguimos viagem sentido Punakha.

Navegar pelo país pelo google maps é possível, mas como o país tem poucas rodovias principais (beeeeeem poucas e ainda pouco pavimentadas), o google só te mandará por elas. Isso pode aumentar o tempo de viagem por algumas horas, pois estradas mais estreitas existem para todo lado, com sinalizações bem em cima da hora de tomá-las. As estradas são ruins, mas dá para seguir viajando pelo Butão numa velocidade razoável. De Dochula até Punakha, são 2 horas de viagem, quase inteira só de descida. Descemos por uma estrada muito sinuosa, de uma altitude de 3200m em Dochula para 1200m em Punakha. A estrada que chega em Punakha tem vistas maravilhosas do Punakha Chu (Rio Punakha), formado pela confluência dos Rios Po e Mo (Po Chu e Mo Chu), passando pelo monumental Punakha Dzong (Forte de Punakha).

Punakha Dzong - Viajando Pelo Butão

O Forte (Dzong) de Punakha – O mais antigo do Butão

O Punakha Dzong, ou Forte de Punakha, também é conhecido como Palácio da Grande Felicidade, foi construído entre o ano de 1637 e 1638, por Ngawang Namgyal, o Primeiro Zhabdrug Rinpoche, unificador do Butão. O Dzong é usado hoje como escritório do governo local, residência de monges durante o inverno, local de festivais e, principalmente, para coroações do Rei do Butão. Em 2011, o Rei do Butão e a Rainha se casaram no Dzong de Punakha. Para marcar a data do seu casamento, Vossa Majestade plantou um milhão de árvores pelo país. Num país onde está na constituição que o país para sempre será coberto por pelo menos 60% de floresta, com 30% sendo áreas de proteção permanente, esse presente foi celebrado pela população local (Um parênteses! Mas uma informação interessante!).

Povo de Laya - Viajando Pelo Butão

Dar Carona Viajando Pelo Butão!

No Butão, todos os carros são importados, e os impostos são bastante altos, o que deixam os carros mais caros do que no Brasil. Num país ainda bastante pobre, com uma população de 800 mil pessoas, existem somente 63mil carros (seria legal se São Paulo fosse assim, né?). Sendo assim, dar carona é algo bastante comum. Quando estávamos procurando um hotel, demos carona para um senhor que morava relativamente longe. Assim sendo, fomos dirigindo até ele pedir parar o carro (perdidos em tradução até esse ponto).

No caminho, vimos um lindo monastério no alto de uma montanha, no meio de campos de arroz. Deixamos o senhor perto da casa dele e seguimos até a entrada desse monastério, chamado Monastério Khamsum Yulley Namgyal. Foram 30 minutos de caminhada por campos de arroz e morros levemente íngremes. Fomos os únicos turistas. Logo vem a próxima pergunta: “Where is your guide?” Perguntada pelo Monge e Policial que estavam limpando o Monastério. Fomos até o topo do monastério e tivemos vistas maravilhosas do Vale de Punakha e Wangdue Phodrang, com os raios do Sol radiando pelas nuvens e brumas. Fomos muito bem tratados, mesmo sem guias, e presenteados com a simplicidade e maravilha desse lugar!

Khamsum Yulley Namgyel Monastery - Mochilao a Dois - Butão

O Vale de Phobjikha – Centro do Butão

No dia seguinte, decidimos seguir viagem para o Vale de Phobjikha. Alguns anos atrás, por volta de 10mil, esse Vale era uma enorme geleira, criada pelo congelamento da condensação das nuvens geradas no topo das montanhas. Essas geleiras erodiram o Vale e hoje deixou esse maravilhoso lugar. As nuvens continuam condensando sobre as montanhas do Vale, mas agora essa água é apenas um riacho que desce com águas límpidas e geladas. O Vale, em forma de U, é separado por uma “península”, onde está localizado o Monastério de Gangtey. Nesse monastério, todo ano no mês de Outubro ou Novembro é celebrado o Festival dos Grous de Pescoço Negro. Essa espécie de grou migra do Tibet e vem passar os invernos mais amenos no Vale de Phobjikha.

O festival celebra a chegada dos grous ao Vale, com danças de máscaras. Entre os meses de Outubro e Março, dá pra vê-los pelo Vale de Phobjikha. O Vale também é casa para centenas de Yaks, os bois dos Himalaias. Vamos ao festival esse ano, o que será super legal, mas por hora, ficaremos devendo fotos. Mas caso queiram saber mais sobre o festival, cliquem aqui.

Phobjikha Valley - Mochilao a Dois - Butão

Como tudo o que é bom dura pouco, retornamos para nossa casa em Paro para recomeçar a vida. Mas no recomeço da vida, também recomeçam os planos para os próximos destinos! Fiquem de olho!

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Publicado por Mochilão a Dois

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Comentários

  1. Ines
    26 abr 2018

    Estava lendo o post e achei fantástico. Estaremos indo para a Índia em Julho. Adoraríamos conhecer Butão. Poderia me dar dicas de como realizarmos esse sonho?

    • mochilaoadois
      27 abr 2018

      Oi Ines! Fico muito feliz que tenha chegado aqui! Eu ainda não conheço a Índia e morro de vontade!! Eu posso com certeza te ajudar. Vou te mandar um e-mail com algumas dicas e informações e você me conta quais suas dúvidas e como posso te ajudar. Enquanto isso, se quiser eu tenho um outro blog com varias informações do país. Se quiser entrar lá, é: http://www.meudiariodobutao.com. Siga a gente no instagram também @mochilaoadois, que estamos colocando várias fotos por lá!! Super abraços

  2. 03 abr 2018

    Ser brasileiro em Butão não é incomum? Acho que só sei de vocês por ai kkk
    Muito bacana a plantação das arvores em celebração do casamento, saber que o Vale de Phobjikha já foi uma geleira, sobre o costume da carona.. tudo tão diferente. Amei conhecer um pouco sobre Butão.

    • mochilaoadois
      03 abr 2018

      Não é muito comum não Aline rs. Além de nós, sei de uma brasileira que mora em Thimphu e acho que só. Mas o brasileiro tem descoberto o Butão e cada vez temos mais turistas vindo pra cá!! Realmente tudo muito diferente e que vale muito a pena conhecer! Parece que migramos alguns anos pro passado rs!! É realmente uma experiência bem bacana!!

  3. Isabelle
    02 abr 2018

    Nossa, eu não fazia essa ideia da obrigação de ter um guia! Mas não sei se eu gostaria muito. Eu amo andar pelas cidades que eu visto para conhecer livremente, então ter alguém grudado o tempo todo talvez fosse difícil! Mas mesmo assim não perco a vontade de conhecer esse lugar tão incrível!

    • mochilaoadois
      03 abr 2018

      Eu também não gosto muito Isa. Na verdade, sempre penso que tenho muita sorte de conhecer o Butão, não como turista, porque realmente a visão do turista aqui acaba sendo muito limitada. Infelizmente é um ponto ruim aqui, mas como é a única alternativa, precisamos aceitar. A verdade é que conheço vários e nos geral são muito bacanas, então acaba sendo um amigo que criamos aqui. Venha mesmo assim e você não vai se arrepender!

  4. 01 abr 2018

    Butão é um dos locais que tá na minha lista. Confesso que sempre deixo ele pra depois, mantendo algumas prioridades antes. Só que já estou mudando de ideia…
    Não sabia desse rout permit e da obrigação de contratar um guia. Valeu demais pela dica!
    Adorei conhecer mais sobre o Butão. Bjs!

    • mochilaoadois
      02 abr 2018

      Legal saber que já estava na sua lista Ra! Na verdade poucas pessoas sabem do Butão e espero conseguir mostrar um pouco mais desse país tão lindo e remoto. Pois é, não é tão simples viajar por aqui, mas acaba valendo a pena!!

  5. 31 mar 2018

    Confesso que Butão está cada vez mais interessante, não imaginava que era bastante populoso, 800 mil muito né? os impostos altos não é uma novidade pra nós brasileiros né? rs.. chocada! mas as caronas faz com que gente sinta um pouco mais cultura deles, sendo que aqui não é nada comum. Cada post, conhecemos cada vez mais. ótimo post! bjs

    • mochilaoadois
      01 abr 2018

      Que bom Mari, a idéia é essa mesma, fazer todo mundo se apaixonar por esse reino tão distante hehe. Sim, eu nunca daria caronas no Brasil pra qualquer pessoa, confesso que tinha um pouco de receio. Aqui, simplesmente faço isso por qualquer pessoa, as vezes não é tão legal, já pegamos uns bebados haha, mas no geral, é muito bacana e conhecemos mais a cultura deles. Acaba valendo muito a pena!!

  6. Erik Trovão
    30 mar 2018

    Confesso que me sinto muito desconfortável com a ideia de ser obrigado a ter um guia colado em mim, pois detesto passeios com guia. E isto acaba sendo uma limitação para um dia eu ir conhecer o Butão. No entanto, o seu relato é tão incrível e os lugares para se conhecer o país parecem tão imperdíveis que, talvez, valha até à pena reconsiderar! Quem sabe um dia, eu não resolva dar as caras no Butão! Rsrsrs

    • mochilaoadois
      01 abr 2018

      Hahaha Erik, te entendo completamente. Eu também não gosto nenhum pouco de viajar com guia e acho que me sentiria desconfortável em alguns momentos, principalmente por ter minha viagem planejada por alguém e só seguir sabe rs. Mas é como você disse, eu entendo os motivos e como o país é realmente incrível, acho que vale a pena reconsiderar hehe. Fora isso, os guias são uns amores, então pense que você vai acabar é criando um companheiro de viagem hehe.

  7. Jaqueline
    30 mar 2018

    Estou adorando ler os relatos e conhecer mais sobre o Butão. Acho bem estranha a história dessa “vigia” que o governo faz com os turistas, estamos acostumados a uma realidade bem diferente, né?! De qualquer forma, que bom que não os maltrataram! Não sabia sobre as árvores do butão, fiquei muito feliz e curiosa pra conhecer esse país de 60% de floresta <3
    Beijos e continuem o trabalho lindo por ai!

    • mochilaoadois
      30 mar 2018

      É um pouco Jaque! No começo incomoda, mas quando entendemos melhor todas as razões, fica mais fácil seguir as regras. E tudo é levado com muito carinho por todos, o que nos faz sentir em casa sempre! Sim! Aqui é lei que o país esteja coberto por florestas. É lindo voar de avião… tudo verdinho hehe. Espero atiçar cada vez mais sua curiosidade e que você venha visitar esse lugar lindo em breve!!

  8. Sil Mendes
    30 mar 2018

    Pôxa, muito legal o post sobre um país de uma cultura bem diferente e que não costuma estar nos roteiros mais tradicionais de turismo. Obrigada pelas dicas.

    • mochilaoadois
      30 mar 2018

      Oi Sil! Pois é! Esperamos muito que consigamos convencer algumas pessoas a virem conhecer esse destino maravilhoso que é o Butão!! Cada vez mais os brasileiros estão conhecendo e espero que cada vez tenha mais gente aqui visitando.

  9. Thiago Carvalho
    27 mar 2018

    Sempre me encanto quando dou uma passada por aqui. Por isso acho tão fantástico ler seus posts. O mais incrível e curioso desse passeio de vocês é a necessidade do documento para transitar e sua validação ao longo do trajeto. Totalmente diferente da maioria dos outros destinos turísticos. Vocês ficaram com muito receio? Obrigado por compartilharem.

    • mochilaoadois
      30 mar 2018

      É muito diferente né Thiago. Estamos cada vez mais animados em compartilhar as coisas do Butão justamente porque sabemos o quanto é diferente e difícil achar informações. Não, receio não, é tudo muito tranquilo, mas no começo incomoda um pouco e depois nos acostumamos com as regras e fica mais fácil!.

  10. Manuela
    21 mar 2018

    Eu to babando nesses posts sobre o Butão. Amei a plantação das árvores para celebrar o casamento e, apesar de ser um país muito pobre, já passa a impressão de ter habitantes muito carinhosos e generosos.

    • mochilaoadois
      22 mar 2018

      É legal né!!! Acho que o brasileiro tem começado a enxergar mais o Butão ultimamente e o turismo de brasileiros aqui tem aumentado. Agora sempre ficamos sabendo quando tem brazuca por aqui hehe. É sem dúvida muito pobre pelo que estamos acostumados, mas ninguém passa necessidade e eles tem uma vida simples mas com o essencial. Nós também estamos aprendendo a viver na simplicidade. E eles são uns amores. São nossos maiores aprendizados aqui, conviver com eles!!

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